quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

um poema de Manuel Canário

Sempre fui um operário

Sempre fui um operário
Em duas profissões
Mas nunca fui lacaio
Para mestres e patrões

Trinta anos de censura
Vinte de caixas sindicais
Quarenta anos de ditadura
Ena porra que é demais

Primeiro de Maio ganhámos
Para bem de quem trabalha
Tantos anos lutámos
P’ra vencer esta batalha

Sou pobre mas sou honesto
Nunca trabalhei a roubar
Há quem diga que não presto
Por não saber engraxar

Muita gente passou mal
Actualmente se esqueceu
Que havia um Tarrafal
E boa gente lá morreu

Sempre fui um operário
Agora deixei de ser
Hoje não tenho horário
Nem patrão para obedecer